Inflação da cesta básica deve ultrapassar dois dígitos até 2022

O inspetor da Associação dos Engenheiros e Agrônomos do ABC, Fábio Vezza fala sobre impactos ambiental para jornal Repórter Diário

Entre os meses de julho e agosto deste ano, o custo da cesta básica de alimentos apresentou alta de 7,02% em decorrência de questões multifatoriais. Segundo agrônomos, a inflação, que já vem sendo sentida com força na mesa dos brasileiros desde o início do ano passado, deve continuar até o fim do ano, ultrapassar a margem de dois dígitos, com mais de 10% de alta no valor total.

Em entrevista ao RD, o superintendente da Craisa (Companhia de Abastecimento Integrado de Santo André), Reinaldo Messias, explica que a alta nos preços será sentida, principalmente, pelas famílias com renda de até um salário mínimo, uma vez que o custo das cestas básicas pode consumir cerca de 60% do orçamento. “Se continuarmos nesse pique, com o dólar no valor que está, sem dúvidas ultrapassaremos os dois dígitos e quem sentirá mais são as famílias vulneráveis”, diz. Atualmente, a cesta custa R$ 754.

Segundo Messias, os alimentos commodities (elaborados em larga escala e que funcionam como matéria-prima) a exemplo do arroz, feijão e soja, são difíceis de serem substituídos na mesa da família tradicional brasileira e, por este motivo, para driblar grandes gastos nos próximos meses, a dica é optar por promoções e/ou novos supermercados. “A saída é procurar marcas que estejam com um valor melhor ou dividir os itens a serem comprados em diferentes supermercados para aproveitar preços”, sugere.

O porta-voz da Craisa alerta, ainda, para que a população não normalize a situação dos produtos com valor em alta. “Hoje é muito comum as pessoas comentarem que tudo está caro no supermercado, mas não é algo que devemos normalizar. Essa sequência de alta me preocupa, mais do que o valor dos produtos em si, mas pela normalização de algo que não está dentro dos padrões, e sim com números altíssimos”, afirma.

Impacto ambiental

O inspetor da Associação dos Engenheiros e Agrônomos do ABC, Fábio Vezza, considera que o impacto ambiental também influenciou na alta de preços dos produtos que compõem a cesta básica nos últimos meses. “Tivemos uma razoável quantidade e distribuição de chuvas nos últimos meses, o que afetou diretamente a agricultura. Então, não só a questão cambial e energética, mas também a questão climática faz com que as mercadorias apresentem uma alta gigantesca”, analisa.

Ainda de acordo com o agrônomo, as commodities como arroz, feijão, soja e açúcar, mais difíceis de serem substituídas, fazem parte da lista dos produtos que não têm perspectiva para baixa de preços. Para se ter ideia, entre agosto de 2019 e agosto de 2020, o pacote de 5kg de arroz apresentou variação de 32,21%, passou da média de R$ 13,33 para R$ 17,62. O feijão carioca também despontou, o quilo passou de R$ 5,15 para R$ 8,16, variação de 58,35%.

Uma das alternativas, segundo Vezza, é aproveitar o clima quente de fim de ano e investir em produtos da época, a exemplo de hortifrútis. “Investir em frutas cítricas e de épocas de fim de ano é a melhor opção”, diz. Outra alternativa, para os que comem carne, é investir em suínos. “Tanto a carne de 1ª como a de 2ª estão caras nesse momento, então a carne suína se torna uma alternativa mais barata para a população”, sugere.

Aos que permanecem em isolamento social, outra alternativa é investir na produção de hortaliças. Segundo o agrônomo, além de ser um processo terapêutico, pode resultar na economia de gastos quase que semanais. “Ainda que em apartamento ou ambiente menor, é possível fazer a plantação de alguns produtos como pé de louro, hortelã, alecrim, manjericão e espinafre. Alternativas rentáveis e que geram uma excelente economia”, orienta.

Matéria publicada no Repórter Diário em 12/09/2021
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